Aos messias e seus seguidores, prefiro os homens tolerantes, para quem as verdades são provisórias, fruto mais do consenso que de certezas inquestionáveis. Ferreira Gullar
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terça-feira, 29 de junho de 2010
Caminhando sob o sol
Peguei uns dias de férias. Aliás estou rompendo um ciclo de 8 anos. Mudando de atividade (emprego), "desintoxicando" o velho padrão para assumir um novo.
Isso é um processo de mutação, as vêzes doloroso, sereno, engraçado, tenso...tudo ao mesmo tempo. E depois da desintoxicação do velho, o novo vem suave, como quem não quer nada, vai se instalando e daqui a pouco estarei em novo ciclo.
A cada atividade nova que começo, sinto como se fosse uma espécie de reencarnação. Foi assim com todas as transições pelas quais passei, nestes já dilatados 30 e poucos anos de atividade profissional...
...e como na reencarnação, parece mais fácil lembrar o que se fez de errado e não repetir os erros. Acertei também muitas vêzes...mas os erros são mestres implacáveis que ensinam muito e objetivamente, e ainda teimam em se repetir vez ou outra.
Hoje, levantei pra caminhar sob o sol da manhã. Senti o calor desse sol que é de graça, cujo calor reconfortante e mágico não há como reproduzir com a tecnologia atual. Talvez, nunca essa "terapia" seja reproduzida com a mesma qualidade. Sol é sol, não há com o que comparar.
Fui meditando sobre isso e pensei na lenda de Caim e Abel. Tive um "insight" de que Caim representava o homem que quer controlar tudo, dominar o planeta. Caim era agricultor. Caim, com inveja da paz que Abel mantinha com o Senhor (Abel era pastor), resolveu exterminar o irmão. Repete de certa forma o ato do pai Adão, cuja ambição era o controle sobre o bem e o mal, quando provou da famigerada maçâ.
Daí acabou a paz. Creio que daí nasceram a ansiedade e a depressão, os ansiosos sabem do que falo. Nós queremos controlar o incontrolável. Dominar o indomável e sofremos porque muito pouco, de fato controlamos.
Pela hora do almoço, fui até o banco no centro da cidade pagar umas contas, e como tinha tempo resolvi sentar num banco de praça para ler um jornal. Isso me lembrou a Praça da Alegria, do saudoso Manuel de Nóbrega. Da minha infância, na década de 60.
Sentou-se ao meu lado um senhor, com jeito de peão, por causa da pele queimada pelo sol, e foi falando...
O moço é da cidade? Não senhor sou nascido em São Paulo, mas estou aqui a uns 15 anos já...
Eu morei sempre aqui, entendo mesmo é de cavalo...tenho 82 anos e conheço tudo sobre cavalos, fui tropeiro!
Imediatamente veio um pensamento martelando minha cabeça, vou levar esse véio no jóquei clube e vamos faturar uma grana...daí pensei, ele deve ter família, vão me acusar de corrupção de maiores...Deletei.
Apareceu um menino vendendo cocada e doce de leite, por favor moço tô vendendo cocada e doce leite, R$ 7, por favô moço compra uma. Tenho só R$ 6, tudo bem? Tá bão, pode escolhê.
Comentário do véio peão; pelo menos tá trabalhando, não é mesmo...é verdade, concordei.
O senhor sabe duma coisa, como lhe disse eu só tenho 2.o ano primário, mas posso lhe dizer de algumas coisas que aprendi na vida. Uma delas, é que quando a gente faz o bem, a gente alivia um montão de pecados da terra, porque todos nós somos pecadores nesse mundo. A outra é que pau que nasce torto, morre torto. É verdade, concordei.
A gente tem que fazer caridade pra quem vale a pena, bandido a gente deixa que se mate sózinho, não tem jeito!
Bem tenho que ir indo, foi um prazer muito grande conhecer o senhor. O prazer foi meu. Qual seu nome moço? José e o seu...Abel, às suas ordens...
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Em primeiro lugar, nunca vi escrito na Bíblia a palavra maçã. Em segundo lugar, não creio que levar uma pessoa experiente ao jóquei cujo o conhecimento sobre cavalos seja elevado, deve ser interpretado como uma espécie de corrupção.
ResponderExcluirÉ lamentável que a sociedade brasileira seja tão atraída por essa espécie de câncer. óbvio, não estou tecendo nenhum comentário de forma
generalizada.