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sábado, 1 de maio de 2010

Nesta longa estrada da vida



Todos os dias eu viajo 120km, total de ida e volta para o meu trabalho numa cidade "vizinha". As estradas por aqui são ótimas e minha qualidade de vida em trânsito, certamente é melhor que a daqueles que vivem em Sampa, por exemplo. Como eu já vivi.


Noutro dia, ouvindo o noticiário do jornal da manhã na BandNews, o Ricardo Boechat no seu "editorial" sempre bom, falava sobre o tempo, lembrando que este é talvez, o único bem que não se recupera. Nestes 120 km eu costumo refletir bastante. Benefícios de uma estrada que me permite pensar, sem me preocupar com curvas, barreiras, buracos e outros atropelos de viagem.


Muito refleti sobre vida e lembrei de um pensamento que li certa vez: "se quiseres viver bem a vida, pensa na morte".


Quando a morte nos ronda direta ou indiretamente, ela parece ser a Mestra da Vida. Quem não se lembra de Philadelfia, quando o personagem vivido pelo impecável Tom Hanks, acompanha emocionadamente, a sua talvez última audição de ópera, nem ao vivo era, mas ele estava plenamente vivo nela.


Na estrada, quando desperto para a vida, pensando na morte, vejo cada árvore, cada planície verde, linda; cada casinha no meio do nada, cada condomínio chique, tudo como um milagre vivido instante a instante. É possível ver a beleza, onde os mortos vivos que nunca pensam na morte, não enxergam. Agora entendo Cazuza; "eu vi a cara da morte e ela estava viva, vivaaa...."


Dá pra entender Jesus; "Deixar os Mortos enterrar os seus Mortos" Lucas IX, 59-60.


Sem atropelos de viagem, como buracos da amargura, curvas da ansiedade, barreiras da tristeza; a estrada da vida deve nos levar à reflexão mais produtiva. Numa estrada da vida tranquila, não devemos, por isso, dormir ao volante. Numa estrada da vida, deveremos estar sempre prontos para uma nova e linda viagem, com as malas velhas e sempre boas, mas se preciso for, com nova bagagem ou com nenhuma.


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